segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Antonio Gramsci, preconceito e filosofia do bom senso






Migalhas do pensamento


Entenda como tem início o preconceito para com a atitude filosófica nos dias de hoje 


por Marcus Rafael Rodrigues*




    Uma das apostilas do Ensino Médio da rede pública do Estado de São Paulo, os chamados "cadernos do aluno", traz um texto cuja maior referência é o filósofo italiano Antonio Gramsci. O texto dá apontamentos que visam conduzir, em linhas gerais, o estudante à compreensão de como se origina o preconceito, mas também mostra como a filosofia pode nascer daquilo que chamamos de bom senso.
    Por bom senso não entendemos aquilo que René Descartes expressou no início do Discurso do Método: "A faculdade de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso, propriamente chamado de bom senso ou razão, é, por natureza, igual em todos os homens". Bem, na verdade, a perspectiva cartesiana sobre o bom senso parte de uma compreensão positiva do mesmo, como se este fizesse parte da condição humana e, por isso, irrevogavelmente o ser humano sempre agisse com base no bom senso quando quisesse estabelecer um juízo de valor sobre alguma coisa.
     Com o conceito de atitude filosófica deparamos, senão com a maior, certamente com uma das maiores e mais genuínas ideias sobre a filosofia, uma vez que é quase consensual a interpretação da mesma sob a ótica humana. O que lhe confere, em última instância, um caráter de universalidade, e ao mesmo tempo, de compreensibilidade para a mesma, assim como sugere A. Gramsci ao mencionar que "todos os homens são filósofos", pois são capazes de filosofar através do seu dia a dia, das diversas situações em que se encontram frente ao inusitado, ao inesperado e ao complexo. A atitude filosófica é, sem dúvida, atitude humana e profundamente humana, da interrogação e da falta de compreensão ante à natureza, que corrobora nossa fragilidade e, porque não dizer, nossa falência, sobretudo no âmbito relacional e produtivo. Em suma, filosofar é deixar-se conduzir pela arguição, pelo assombro e, muitas das vezes, tornar-se um com o novo saber, do qual se está enamorado, aceitando assim não somente a diferença que vicia e ilude, mas que amadurece o pensamento.

A ALMA INTELIGENTE
          O grande problema da Filosofia nos dias de hoje, em que o militarismo instituído não mais determina os comportamentos e a erudição, é enfrentar com aquilo que Sócrates chama de alma inteligente, ou intelectiva, os desafios propostos ou os empecilhos postos pela ditadura velada, e ao mesmo tempo eficaz, do dinheiro, do capital, do consumismo, do mercado de trabalho, do neoliberalismo, da globalização e, principalmente, da desvalorização das questões referentes a humanidades. Essas, por sua vez, tornam-se cada vez mais relativizadas em prol de conquistas financeiras cada vez maiores, como impõe o sistema monetário do capitalismo "democrático" deste século.

       Nos relatos dos estudantes do Ensino Médio da rede pública, nas cidades do interior, onde se pode observar uma realidade muitas vezes mais carente e desprovida de recursos quando comparada com a realidade do ensino particular e dos grandes centros, é possível perceber parte desta realidade em que as questões de humanidades não carregam consigo o efeito de impacto que trazem as disciplinas de exatas. Isso ocorre, em justa medida, pela própria pressão sofrida pelos jovens quando de sua decisão quanto à profissão que desejam desempenhar; são os próprios pais que sob o pretexto de felicidade (financeira), implementam a ideia de valorização de profissões financeiramente rentáveis. Se assim pode-se chamar, com o capitalismo desenfreado há um "inconsciente coletivo" que caminha na direção de um verdadeiro colapso monetário, pois o que não se percebe é que as próprias relações (humanas), essenciais para a sobrevivência, tornam-se ameaçadas. E isso desde os relacionamentos macro das nações europeias, asiáticas, latino americanas e africanas, até os pequenos relacionamentos profissionais internos das micro e médias empresas, do setor público e, especificamente, a menor das células sociais, a própria família.
           Hoje, mais do que nunca, o preconceito para com a Filosofia passa por uma ditadura do útil, do rentável e do menor esforço, e assim as consequências da ausência de atitude filosófica são falta de voz, de comunicação, excessos que lembram prepotência e uma conduta massificada que visa tão somente o bem-estar sob o espectro do desenvolvimento do capital a todo custo. O que se deseja realmente de uma sociedade senão o equilíbrio de suas capacidades? Quando Gramsci sugere que é preciso destruir o preconceito para com a                 Filosofia é porque já havia constatado aquilo que Nicolla Abbagnano sugere em seu dicionário de         Filosofia, ou seja, que a noção de bom senso "tem como referência apenas o sistema estabelecido de crenças e de opiniões, só podendo julgar a partir dos valores que esse sistema inclui".
          Assim, em uma sociedade em que as profissões de caráter humano são desvalorizadas, necessariamente não se pode esperar que o bom senso tenha como pauta a atitude filosófica, pois o que está em evidência é a manutenção da mentalidade massificada pela exatidão dos dividendos do capitalismo.
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicolla. Dicionário de Filosofia. 5ª Ed. São Paulo, 2007 http://www.antoniogramsci.com
Marcus Rafael Rodrigues é bacharel em Filosofia pela Universidade de Sorocaba (2003), bacharel em Teologia pelo Instituto João Paulo II - Sorocaba (2007), licenciado em filosofia pela Universidade Metropolitana de Santos (2010); Especializado em História, cultura e teologia judaicocristã pelo Instituto Sionita (UNIFAI-2010), é professor de Filosofia na Rede Pública do Estado de São Paulo

René Descartes ( 2 E.M. e E.J.A.)








     René Descartes, nascido em 1596 em La Haye - não a cidade dos Países-Baixos, mas um povoado da Touraine, numa família nobre - terá o título de senhor de Perron, pequeno domínio do Poitou, daí o aposto "fidalgo poitevino".

O Método

       Descartes quer estabelecer um método universal, inspirado no rigor matemático e em suas "longas cadeias de razão".
1. - A primeira regra é a evidência : não admitir "nenhuma coisa como verdadeira se não a reconheço evidentemente como tal". Em outras palavras, evitar toda "precipitação" e toda "prevenção" (preconceitos) e só ter por verdadeiro o que for claro e distinto, isto é, o que "eu não tenho a menor oportunidade de duvidar". Por conseguinte, a evidência é o que salta aos olhos, é aquilo de que não posso duvidar, apesar de todos os meus esforços, é o que resiste a todos os assaltos da dúvida, apesar de todos os resíduos, o produto do espírito crítico. Não, como diz bem Jankélévitch, "uma evidência juvenil, mas quadragenária".
2. - A segunda, é a regra da análise: "dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem possíveis".
3. - A terceira, é a regra da síntese : "concluir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer para, aos poucos, ascender, como que por meio de degraus, aos mais complexos".
4. - A última á a dos "desmembramentos tão complexos... a ponto de estar certo de nada ter omitido".
Se esse método tornou-se muito célebre, foi porque os séculos posteriores viram nele uma manifestação do livre exame e do racionalismo.
a) Ele não afirma a independência da razão e a rejeição de qualquer autoridade? "Aristóteles disse" não é mais um argumento sem réplica! Só contam a clareza e a distinção das idéias. Os filósofos do século XVIII estenderão esse método a dois domínios de que Descartes, é importante ressaltar, o excluiu expressamente: o político e o religioso (Descartes é conservador em política e coloca as "verdades da fé" ao abrigo de seu método).
b) O método é racionalista porque a evidência de que Descartes parte não é, de modo algum, a evidência sensível e empírica. Os sentidos nos enganam, suas indicações são confusas e obscuras, só as idéias da razão são claras e distintas. O ato da razão que percebe diretamente os primeiros princípios é a intuição. A dedução limita-se a veicular, ao longo das belas cadeias da razão, a evidência intuitiva das "naturezas simples". A dedução nada mais é do que uma intuição continuada.

A Metafísica

No Discurso sobre o Método, Descartes pensa sobretudo na ciência. Para bem compreender sua metafísica, é necessário ler as Meditações.
1. - Todos sabem que Descartes inicia seu itinerário espiritual com a dúvida. Mas é necessário compreender que essa dúvida tem um outro alcance que a dúvida metódica do cientista. Descartes duvida voluntária e sistematicamente de tudo, desde que possa encontrar um argumento, por mais frágil que seja. Por conseguinte, os instrumentos da dúvida nada mais são do que os auxiliares psicológicos, de uma ascese, os instrumentos de um verdadeiro "exército espiritual". Duvidemos dos sentidos, uma vez que eles freqüentemente nos enganam, pois, diz Descartes, nunca tenho certeza de estar sonhando ou de estar desperto! (Quantas vezes acreditei-me vestido com o "robe de chambre", ocupado em escrever algo junto à lareira; na verdade, "estava despido em meu leito").
Duvidemos também das próprias evidências científicas e das verdades matemáticas! Mas quê? Não é verdade - quer eu sonhe ou esteja desperto - que 2 + 2 = 4? Mas se um gênio maligno me enganasse, se Deus fosse mau e me iludisse quanto às minhas evidências matemáticas e físicas? Tanto quanto duvido do Ser, sempre posso duvidar do objeto (permitam-me retomar os termos do mais lúcido intérprete de Descartes, Ferdinand Alquié).
2. - Existe, porém, uma coisa de que não posso duvidar, mesmo que o demônio queira sempre me enganar. Mesmo que tudo o que penso seja falso, resta a certeza de que eu penso. Nenhum objeto de pensamento resiste à dúvida, mas o próprio ato de duvidar é indubitável"Penso, cogito, logo existo, ergo sum" . Não é um raciocínio (apesar do logo, do ergo), mas uma intuição, e mais sólida que a do matemático, pois é uma intuição metafísica, metamatemática. Ela trata não de um objeto, mas de um ser. Eu penso, Ego cogito (e o ego, sem aborrecer Brunschvicg, é muito mais que um simples acidente gramatical do verbo cogitare). O cogito de Descartes, portanto, não é, como já se disse, o ato de nascimento do que, em filosofia, chamamos de idealismo (o sujeito pensante e suas idéias como o fundamento de todo conhecimento), mas a descoberta do domínio ontológico (estes objetos que são as evidências matemáticas remetem a este ser que é meu pensamento).
3. - Nesse nível, entretanto, nesse momento de seu itinerário espiritual, Descartes é solipsista. Ele só tem certeza de seu ser, isto é, de seu ser pensante (pois, sempre duvido desse objeto que é meu corpo; a alma, diz Descartes nesse sentido, "é mais fácil de ser conhecida que o corpo").
É pelo aprofundamento de sua solidão que Descartes escapará dessa solidão. Dentre as idéias do meu cogito existe uma inteiramente extraordinária. É a ideia de perfeição, de infinito. Não posso tê-la tirado de mim mesmo, visto que sou finito e imperfeito. Eu, tão imperfeito, que tenho a ideia de Perfeição, só posso tê-la recebido de um Ser perfeito que me ultrapassa e que é o autor do meu ser. Por conseguinte, eis demonstrada a existência de Deus. E nota-se que se trata de um Deus perfeito, que, por conseguinte, é todo bondade. Eis o fantasma do gênio maligno exorcizado. Se Deus é perfeito, ele não pode ter querido enganar-me e todas as minhas idéias claras e distintas são garantidas pela veracidade divina. Uma vez que Deus existe, eu então posso crer na existência do mundo. O caminho é exatamente o inverso do seguido por São Tomás. Compreenda-se que, para tanto, não tenho o direito de guiar-me pelos sentidos (cujas mensagens permanecem confusas e que só têm um valor de sinal para os instintos do ser vivo). Só posso crer no que me é claro e distinto (por exemplo: na matéria, o que existe verdadeiramente é o que é claramente pensável, isto é, a extensão e o movimento). Alguns acham que Descartes fazia um circulo vicioso: a evidência me conduz a Deus e Deus me garante a evidência! Mas não se trata da mesma evidência. A evidência ontológica que, pelo cogito, me conduz a Deus fundamenta a evidência dos objetos matemáticos. Por conseguinte, a metafísica tem, para Descartes, uma evidência mais profunda que a ciência. É ela que fundamenta a ciência (um ateu, dirá Descartes, não pode ser geômetra!).
4. - A Quinta meditação apresenta uma outra maneira de provar a existência de Deus. Não mais se trata de partir de mim, que tenho a ideia de Deus, mas antes da ideia de Deus que há em mim. Apreender a ideia de perfeição e afirmar a existência do ser perfeito é a mesma coisa. Pois uma perfeição não-existente não seria uma perfeição. É o argumento ontológico, o argumento de Santo Anselmo que Descartes (que não leu Santo Anselmo) reencontra: trata-se, ainda aqui, mais de uma intuição, de uma experiência espiritual (a de um infinito que me ultrapassa) do que de um raciocínio.

Outros pontos


          Descartes cria um método para bem conduzir nossos pensamentos. Para alcançar a verdade devemos seguir os seguintes princípios: Princípio da evidência, não admitir algo como verdadeiro se não tivermos evidências suficientes para considerar como tal. Princípio da análise, dividir os problemas em tantas partes quanto forem possíveis para que melhor possam ser resolvidos. Princípio da síntese, estabelecer uma ordem de relação entre nossos pensamentos, solucionando primeiro as questões mais simples e depois as mais complexas. E o princípio de controle, fazer constantes revisões de todo processo para ter certeza de que nada foi omitido.
            São também verdades nossas ideias inatas, como as matemáticas, pois nos foram dadas por Deus. E é no método matemático que ele vai fundamentar a ciência para conhecer e modificar o mundo. O mundo é uma variação de formas, tamanhos e movimentos da matéria e essas variações podem ser quantificadas e entendidas pela matemática através também da geometria.
            Descartes divide matéria de pensamento, para ele o pensamento, ou a substância pensante independe e é separada da matéria. A nossa consciência individual é separada do corpo e continua a existir mesmo sem o corpo. Nós somos um marinheiro navegando no mundo através do nosso corpo que é o navio, mas estamos ligados ao corpo de uma forma estreita, formando um todo com ele. A relação entre nossa consciência e nosso corpo se dá através da glândula pineal, que é a sede da nossa alma. Corpo a alma assim se misturam, mas não ao ponto que não seja possível distinguir uma da outra. Nesta relação podemos diferenciar algumas operações que pertencem somente ao corpo e outras que são específicas da alma. A alma busca o conhecimento da verdade, o corpo é responsável pelas sensações.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

As origens da filosofia e a preocupação desses pensadores (Para 1º E.M. e E.J.A.)





I. Período pré-socrático (séc. VII-V a.C.) - Problemas cosmológicos. Período Naturalista: pré-socrático, em que o interesse filosófico é voltado para o mundo da natureza;

Primeiro Período

O primeiro período do pensamento grego toma a denominação substancial de período naturalista, porque a nascente especulação dos filósofos é instintivamente voltada para o mundo exterior, julgando-se encontrar aí também o princípio unitário de todas as coisas; e toma, outrossim, a denominação cronológica de período pré-socrático, porque precede Sócrates e os sofistas, que marcam uma mudança e um desenvolvimento e, por conseguinte, o começo de um novo período na história do pensamento grego. Esse primeiro período tem início no alvor do VI século a.C., e termina dois séculos depois, mais ou menos, nos fins do século V. Surge e floresce fora da Grécia propriamente dita, nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia) e da Itália meridional, da Sicília, favorecido sem dúvida na sua obra crítica e especulativa pelas liberdades democráticas e pelo bem-estar econômico. Os filósofos deste período preocuparam-se quase exclusivamente com os problemas cosmológicos. Estudar o mundo exterior nos elementos que o constituem, na sua origem e nas contínuas mudanças a que está sujeito, é a grande questão que dá a este período seu caráter de unidade. Pelo modo de a encarar e resolver, classificam-se os filósofos que nele floresceram em quatro escolas: Escola JônicaEscola ItálicaEscola EleáticaEscola Atomística.

Escola Jônica

A Escola Jônica, assim chamada por ter florescido nas colônias jônicas da Ásia Menor, compreende os jônios antigos e os jônios posteriores ou juniores. A escola jônica, é também a primeira do período naturalista, preocupando-se os seus expoentes com achar a substância única, a causa, o princípio do mundo natural vário, múltiplo e mutável. Essa escola floresceu precisamente em Mileto, colônia grega do litoral da Ásia Menor, durante todo o VI século, até a destruição da cidade pelos persas no ano de 494 a.C., prolongando-se porém ainda pelo V século. Os jônicos julgaram encontrar a substância última das coisas em uma matéria única; e pensaram que nessa matéria fosse imanente uma força ativa, de cuja ação derivariam precisamente a variedade, a multiplicidade, a sucessão dos fenômenos na matéria una. Daí ser chamada esta doutrina hilozoísmo (matéria animada). Os jônios antigos consideram o Universo do ponto de vista estático, procurando determinar o elemento primordial, a matéria primitiva de que são compostos todos os seres. Os mais conhecidos são: Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto. Os jônios posteriores distinguem-se dos antigos não só por virem cronologicamente depois, senão principalmente por imprimirem outra orientação aos estudos cosmológicos, encarando o Universo no seu aspecto dinâmico, e procurando resolver o problema do movimento e da transformação dos corpos. Os mais conhecidos são: Heráclito de Éfeso, Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômenas.

Tales de Mileto

(624-548 A.C.) "Água"
Tales de Mileto, fenício de origem, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo filósofo grego. Tales não deixou nada escrito mas sabemos que ele ensinava ser a água a substância única de todas as coisas. A terra era concebida como um disco boiando sobre a água, no oceano. Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua. No plano da astronomia, fez estudos sobre solstícios a fim de elaborar um calendário, e examinou o movimento dos astros para orientar a navegação. Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam interpretações formuladas por outros filósofos que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo se origina da água. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a causa material de todas as coisas. Todas as coisas estão cheias de deuses. O imã possui vida, pois atrai o ferro.
Segundo Aristóteles sobre a teoria de Tales: elemento estático e elemento dinâmico. Elemento Estático - a flutuação sobre a água. Elemento Dinâmico - a geração e nutrição de todas as coisas pela água. Tales acreditava em uma "alma do mundo", havia um espírito divino que formava todas as coisas da água. Tales sustentava ser a água a substância de todas as coisas.

Anaximandro de Mileto (611-547 A.C.) "Ápeiron"

Anaximandro de Mileto, geógrafo, matemático, astrônomo e político, discípulo e sucessor de Tales e autor de um tratado Da Natureza, põe como princípio universal uma substância indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto é, quantitativamente infinita e qualitativamente indeterminada. Deste ápeiron (ilimitado) primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um processo de separação ou "segregação" derivam os diferentes corpos. Supõe também a geração espontânea dos seres vivos e a transformação dos peixes em homens. Anaximandro imagina a terra como um disco suspenso no ar. Eterno, o ápeiron está em constante movimento, e disto resulta uma série de pares opostos - água e fogo, frio e calor, etc. - que constituem o mundo. O ápeiron é assim algo abstrato, que não se fixa diretamente em nenhum elemento palpável da natureza. Com essa concepção, Anaximandro prossegue na mesma via de Tales, porém dando um passo a mais na direção da independência do "princípio" em relação às coisas particulares. Para ele, o princípio da "physis" (natureza) é o ápeiron (ilimitado). Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do gnômon (relógio de sol) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega). Ampliando a visão de Tales, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico total. Diz-se também, que preveniu o povo de Esparta de um terremoto. Anaximandro julga que o elemento primordial seria o indeterminado (ápeiron), infinito e em movimento perpétuo.

Fragmentos

"Imortal...e imperecível (o ilimitado enquanto o divino) - Aristóteles, Física". Esta (a natureza do ilimitado, ele diz que) é sem idade e sem velhice. Hipólito, Refutação.

Anaxímenes de Mileto (588-524 A.C.) "Ar"

Segundo Anaxímenes, a arkhé (comando) que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão abstrato como o ápeiron, nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de seus movimentos: o ar é respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas do ar. As diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações quantitativas (mais raro, mais denso) desse único elemento. Atribuindo vida à matéria e identificando a divindade com o elemento primitivo gerador dos seres, os antigos jônios professavam o hilozoísmo e o panteísmo naturalista. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe sua luz do Sol. Anaxímenes julga que o elemento primordial das coisas é o ar.

Fragmentos

"O contraído e condensado da matéria ele diz que é frio, e o ralo e o frouxo (é assim que ele expressa) é quente". (Plutarco). "Com nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim também todo o cosmo sopro e ar o mantém". (Aécio).
© Texto elaborado por Rosana Madjarof


Leia mais: http://mundodosfilosofos.com.br/presocratico.htm#ixzz2LHDaThdR


E é uma parte da Filosofia Antiga, referente aos pré-socráticos

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O que é Filosofia?

                                           http://ultralafa.wordpress.com/2008/11/24/filosofia/


        Quando pensamos, opa quer dizer, quando tentamos entender o que é a Filosofia. Pode existir qualquer muitas definições, mas quem nunca usou aquelas que dizem que é coisa de louco, bêbado e qualquer outra coisa menos nobre. Agora paremos pra pensar, quantas coisas não aproveitamos bem por não termos pensado direito para fazer e também ao contrário, quantas merdas já fizemos por pensar de mais e quantas oportunidades perdemos.
            Só que de todos os males, ainda temos o pensamento que leva a Filosofia, pois filosofar não é somente pensar ou falar, dar uma opinião sobre algo, começa por aí e temos nos nossos dias a "leve" mania de não passarmos da primeira etapa, nessa hora tomamos a postura de que é daquele jeito. Quantos não se reviram no túmulo por ouvir isso, mas apenas para deixar como reflexão, a filosofia sempre vai ser alterada o sentido devido a necessidade de cada época, então não temos uma resposta definitiva, temos o ser humano para uma pequena dimensão, a única coisa que posso dizer que realmente existe é a relação de quem pensa através da filosofia em ter uma intimidade com a sabedoria, seja como amigo, irmão, amante, seja o que quiser da sabedoria, menos inimigo.